CRÓNICA RALLY DE PORTUGAL – MAIO 2016
“No passado mês de mês entre os dias 19 e 22 disputou-se a edição 50 do Melhor Rally do Mundo, WRC Vodafone Rally de Portugal. Como é habitual, o ACP lidera a organização do evento em parceira com os Municípios envolvidos, com o Turismo do Porto e Norte, e com os demais patrocinadores.
Juntamente com a especial edição dos 50 Anos do Rally de Portugal, é impensável não referir o nome de Carlos Barbosa, responsável pelo Automóvel Clube Portugal. Homem que sempre acreditou e lutou para que o rally voltasse a ser uma prova integrada no calendário do campeonato do mundo de rallys, quer no Norte quer no Algarve.
Por essa razão, e em nome de todos os aficionados pelos rallys, e em especial pelo nosso Rally de Portugal, uma sincera palavra de agradecimento e um bem-haja ao Exmo. Sr. Carlos Barbosa.
Com especial destaque deixo, ainda, uma palavra de louvor a todos os pilotos portugueses presentes na prova, que enfrentam inúmeras dificuldades para reunir estruturas, condições e financiamentos para desenvolverem e demonstrarem o que mais gostam e sabem fazer. Sem dúvida que o naipe de pilotos lusitanos é surpreendente e de imensa qualidade. A bandeira portuguesa é representada com grandes prestações e excelentes tempos, com carros menos competitivos que outros concorrentes diretos.
A todos uma forte Saudação!
DIA 0
Já no Rally de Portugal 2016, horas antes do Shakdown, fazia-se sentir no padok um clima extremo de ansiedade competitiva, ao mesmo tempo que cada piloto demonstrava serenidade e confiança para os dias que se avizinhavam.
Na Volkswagen inspirava-se a tranquilidade pelo Triplete da edição de 2015 e a vontade de o defender. Na Hyundai, acreditava-se que a nova geração do i20 estava otimizada e com tudo em aberto para disputar o pódio. Na Citroën, claramente se afinava o ataque e a estratégia entre Meek e Lefebvre. Já na Ford, tudo mais tranquilo, onde Ostberg espalhava simpatia pelos fãs.
Quase sem unhas, de tanto nervosismo, os fãs aguardavam pelo som rasgado e livre dos escapes e pela imensa poeira solta pelas passagens dos carros nos troços nortenhos.
DIA 1
O Shakdown na pista de Baltar está ao rubro!
Bem cedo, os pilotos mais ousados agarram e colocam o público presente em euforia total, como foi o caso do Jovem Piloto da Hyundai, Hayden Paddon, aos comandos do i20 New Generation, ou Andreas Mikkelsen da Volkswagen Motorsport, aos comandos do seu habitual Polo R, e até mesmo Henning Solberg, o irmão mais velho do Mítico Piloto Peter Solberg, que com o seu Ford Fiesta RS WRC deixa o público em pulgas com as suas trajetórias abertas e várias demonstrações perfeitas de “flat out”.
No mesmo dia, já depois da apresentação e da cerimónia de abertura do Rally na cidade berço, foi tempo da “Super Especial” no Eurocircuito da Costilha em Lousada. A Moldura Humana transmitia o entusiasmo dos verdadeiros aficionados pelos rallys e pelos carros.
Sebastien Ogier em Polo R leva a melhor sobre todos os adversários e faz o melhor tempo seguido de Tierry Neuville com +0,9 segundos. Diogo Salvi é o melhor Português com 2:51.7, logo seguido de Miguel Campos com +1,3 segundos, ambos em Skoda Fabia R5.
DIA 2
Já com o rally na estrada, em Caminha, e os carros a fazerem as primeiras passagens pelos troços nortenhos, a presença do público era mais do que muita, junto da FunZone na Z.E.10.
Os “nuestros hermanos” mostravam de forma massiva “la aficion” pelo rally de Portugal e pelos pilotos espanhóis, com as suas grandes bandeiras e tarjas de apoio.
Mas os Honrosos Tugas não se deixam ficar e na árvore mais alta, no ranco mais íngreme, lá estão eles a colocar a Bandeira Portuguesa. E canta-se o hino nacional com todo o sentimento!
O apoio entoa ao som de grandes buzinas, motosserras e assobios bem agudos. A cada carro que passa o público vibra tão intensamente como se de uma vitória na final se tratasse.
É por isto que o rally é especial!
No coração da cidade do Porto disputa-se a Street Stage. Um percurso bastante técnico devido às características do piso (macadame) e aos limites da pista serem relativamente curtos. As ruas da baixa da cidade invicta encheram-se de adrenalina, de mais de 100 mil pessoas.
No final, os pilotos estavam satisfeitos pelo show, nomeadamente Thierry Neuville da Hyundai Motorsport, que fez o melhor tempo nesta classificativa.
Ao fim do dia, para surpresa de muitos, o líder da prova era o piloto da Citroën, Kris Meek com uma vantagem de +31:9 segundos sobre Sebastien Ogier, o segundo classificado.
Este segundo dia de prova fica também assinalado pelo acidente de Hayden Paddon, em Ponte de Lima, que, ao provocar um incêndio no carro, alastrou o fogo para toda a mata envolvente. Viveram-se momentos de grande tensão!
Paddon estava a fazer um bom inicio de rally com a estreia da nova versão do carro Hyundai i20. Quem não ganhou para o susto foi Ott Tanak, que saiu da estrada no mesmo sítio que o piloto da Hyundai, ficando os carros separados por escassos metros no meio desse pequeno incêndio.
DIA 3
Já no terceiro dia de provas, pelas Serras de Baião, Marão e Amarante, a criatividade Tuga estava sempre presente: as geladeiras estavam apetrechadas de rodas, autocolantes representativos das marcas em prova e até com motores adaptados.
Aguardava-se um dia de rally bem disputado: Seb Ogier e Dani Sordo iriam entrar ao ataque; Meek defenderia a liderança com pouco mais de meio minuto de vantagem; e o espetáculo estava garantido! Já com as desistências dos Portugueses Diogo Salvi e João Pedro Fontes, Miguel Campos partia para a estrada como o melhor português em prova com o seu Skoda Fabia R5.
DIA 4
Em Fafe, e apesar de ser o último dia do Rally de Portugal, o ambiente era de grande festa.
O mítico Confurco, com a passagem de terra-asfalto-terra em “flat out”, deixa o público em efervescência louca. Só quem está presente neste lugar, considerado por muitos a meca do Rally de Portugal, percebe o porquê do Rally, no Norte, ser tão especial, tão acarinhado e ser “O Lugar”!
Naquele vale da Serra de Fafe, monta-se um autêntico ambiente de estádio onde até a onda mexicana não fica de fora. As motosserras fazem-se ouvir bem alto, simulando a passagem dos carros, os engenhos mecânicos e as geleiras apetrechadas perfilam em frente do “Salto da Pedra Sentada”, onde os carros voam literalmente por 30m…
WOOOW!!!
Ver e sentir o salto dos carros bem de perto, é qualquer coisa de sensacional e arrepiante!
Na Power Stage da Lameirinha, Ogier faz um salto fantástico e é o mais rápido, arrecadando pontos extras para a classificação do campeonato do mundo. Mas, ainda assim, não chega para vencer a 50ª Edição do WRC Vodafone Rally de Portugal 2016.
Kris Meek e o seu Citroën DS3 são os grandes vencedores do Rally de Portugal 2016, e é quem sobe ao palanque instalado na marginal de Matosinhos (local escolhido para a cerimónia de entrega de prémios). O mar e a praia de pano de fundo celebram as vitórias.
Em segundo lugar ficou Andreas Mikkelsen e em terceiro Sebastien Ogier, ambos com VW Polo R.
O melhor Português em prova foi Miguel Campos que, mesmo não sendo uma prova a contar para o nacional de rallys, teve todo o seu empenho e obteve o 24ºlugar na classificação geral.
Para os aficionados do rally, e em especial pelo rally de Portugal, foram quatro dias de pura adrenalina e de grande satisfação. O Rally está de regresso às suas origens e ao seu habitat natural, com uma organização de excelência e que muito orgulha os aficionados Portugueses.
Miúdos e Graúdos, Senhoras e Senhores, todos aguardamos pela edição de 2017, e que o desporto motorizado seja valorizado cada vez mais em Portugal.
Assim como o ACP, também quero deixar o repto: “O Vodafone Rally de Portugal, no calendário do WRC, é responsabilidade de todos”, por isso, enquanto cidadãos entusiastas devemos colaborar com a organização.
Se for ver o rally junto das classificativas não se esqueça de respeitar as “Zonas Espetáculo” devidamente assinaladas e preparadas pela organização.
Até breve, numa pista algures por aí!”
Saudações Automobilísticas,
ANDRÉ SILVA